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sábado, 19 de janeiro de 2008

Grupo Partideiros do Cacique


O grupo Partideiros do Cacique está em fase de produção de seu primeiro CD independente, que deverá ser lançado depois do Carnaval. Conversando com Carlinhos Tcha Tcha Tcha, músico do grupo, tive a informação de que só tem "pancadão", ou seja muito samba no pé, com todos os instrumentos afiadíssimos a que temos direito, afinal é puro samba de raiz. Estou aguardando ansiosamente e comunicarei como encontrá-lo, pois a tiragem será pequena.

beijocas

Kátia

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Trailer do filme O Caçador de Pipas legendado

Um livro lindo... o filme posso imaginar

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Zeca com Marília Gabriela


No próximo domingo, dia 20, o convidado do "Marília Gabriela Entrevista", do GNT, é Zeca Pagodinho. Não deixe de conferir! Principalmente porque, no programa, ele fala sobre o Zecapagodiscos! Zeca dá detalhes do selo e diz que o sucesso do samba vem da união dos músicos. "No fundo, todo mundo é amigo e, com isso, o movimento só vai crescendo". Pagodinho revela que faz questão de escutar os grandes bambas em casa, como Moreira da Silva, Silvio Caldas e João Nogueira.
O programa vai ao ar no GNT no domingo, às 22h.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Que galera é essa?????

Galeras Cariocas

A juventude tem limites mínimo e máximo e esses variam em cada momento histórico. A trajetória dos jovens perpassa caminhos de luta por uma sociedade mais justa e igualitária. É fundamental notar como a conjuntura histórica influenciou essas gerações ao longo dos tempos. E assim, entender porque atualmente existe uma maior consciência social. Percebemos hoje um crescimento no número de pessoas envolvidas em projetos que visam à saída desse sistema que pouco permite evasão.
O livro “Galeras cariocas” do sociólogo Hermano Viana aborda um estudo que busca entender a juventude e seu caráter transformador, mergulha em mundos diferenciados e revela como cada um agrega valor diferenciado. Realiza uma abrangente pesquisa que trata da juventude dos anos 60 e 70, em tempos de repressão, a juventude militar, até a juventude dos dias de hoje.
O autor mostra como se dão os encontros e os conflitos entre as galeras dos anos 90, intensificando seu estudo no atual e como a “cultura do medo”, de forma diferenciada, desenvolvida pela violência afeta cada uma delas. Seleciona uma série de exemplos e alternativas de pessoas que mesmo convivendo na rotina violenta imposta pelo tráfico de drogas conseguem alternativas para sair do mundo do crime, que pode ser pela Religião, pela Arte e pela inserção no mercado de trabalho.
Como exemplo de conflitos, o autor analisa os bailes funks que compreendem a tensão entre a competição e a hostilidade, entre rivalidades sem grande importância e confrontos mais sérios. De acordo com o contexto instaurado nesses bailes os jovens tecem atitudes que permeiam entre o lúdico e o violento e que são a forma como esses jovens descarregam seu sentimento de abandono e revolta diante de um sistema que abandona e discrimina todo e qualquer movimento das classes menos favorecidas.
Hermano Vianna trabalha em seu livro paralelamente o livro Cidade Partida de Zuenir Ventura que revela o cotidiano de jovens moradores de Vigário Geral. Nessa pesquisa de campo o jornalista encontrou grupos juvenis como o GerAcão e o grupo cultural Afro Reggae, assim como a Casa da Paz que reúnem jovens que buscam a vida longe da vida do crime.
Nessa luta pela erradicação da fome e da miséria observou se o empenho não só dos jovens moradores da favela, que queriam constituir um futuro mais digno, como também de estudantes de diversas áreas do Rio de Janeiro, que em união buscaram soluções para questões de desigualdades sociais e violência na cidade.
O Afro Reggae ficou conhecido em todo o Rio por exemplos de cidadania, que tirou jovens da rua, que podiam estar à mercê de traficantes e sem perspectivas de saírem dessa realidade, em que muitas vezes, é intensificado pelo preconceito e o descaso da sociedade que se diz preocupada, mas não realiza práticas que promovam mudanças reais.
Esses encontros tornaram viáveis trocas entre quem vive e mora na favela de Vigário Geral e os que moram no asfalto. Trocas que ensinam mais quem estava fora através do contato direto e da experiência, uma realidade além da que a mídia costuma revelar.
O autor buscou também analisar uma outra parcela de jovens que se denominavam a juventude militar, que se inseriam nesse caminho ara adquirir acesso ao estudo e crescimento de carreira. Estes jovens que tiveram voz no início de suas formações com o tempo a perderam devido ao regime autoritário imposto por militares que utilizavam uma outra forma de obediência que também tinha no medo caráter de coesão.
Já os jovens revolucionários dos anos 60/70 em sua maioria vinham de uma classe média que possui um sistema de valores que possibilitava que estes tivessem um projeto de vida. Muitos queriam ser médicos, engenheiros, professores, advogados, mas o contexto social e político da época acabou transformando estes em líderes revolucionários. Foi uma década em que se destacavam artistas, intelectuais e jovens que buscavam pela educação politizar o povo para que estes adquirissem consciência crítica em tempos em que o golpe queria fazer a juventude calar.
O livro mostra como a juventude nos seus mais diversos grupos como os jovens das periferias, os da classe média, revolucionários, artistas, enfim todos que representam esse país possuem suas formas peculiares de se relacionarem com uma realidade desigual.
Um país de pluralidade cultural onde a superioridade e o etnocentrismo se disfarçam, mas sobrevivem de modo muito forte em nossa sociedade. Ninguém nasce com preconceito; ele se adquire através de estereótipos injetados em nossos corpos e mentes através dos tempos.
Hoje em dia ninguém é uma coisa só. Todo e qualquer grupo deve aceitar as diferenças e buscar soluções viáveis para resolução de uma causa única, que é a social. E cada vez mais percebemos que o jovem aparece tecendo atitudes para mudar a realidade em que vivemos.

Michele Rangel


terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Pagode da Tia Doca


Domingo passado estive em Oswaldo Cruz no Pagode da Tia Doca e a experiência de estar ali naquele solo é maravilhosa. Eu, que fui nascida e criada no mundo do samba, sei o quanto a energia de lugares como a Tia Doca e o próprio Cacique de Ramos é contagiante. São para mim "lugares mágicos", aonde o samba atinge a sua característica, mais marcante: ser um ritmo brasileiro, tocado por brasileiros, num solo de subúrbio,genuínamente carioca, com o axé dos Orixás. Tudo isso, sem falar no excelente repertório, pois o Nem, filho da Tia Doca é como eu, alguém que cresceu no meio do samba e de música boa conhece bem. Grande lugar!

Curiosidades

Jilçara Cruz Costa, carinhosamente chamada de Tia Doca, é uma referência nos subúrbios de Oswaldo Cruz e Madureira, o berço da escola de samba Portela. Com um timbre de voz peculiar que despertor a curiosidade dos compositores Paulinho da Viola, Marisa Monte entre outros, tornou-se pastora da lendária Velha-Guarda da Portela. Após a separação de seu marido, Doca organizou uma roda que até hoje encanta quem gosta de samba.
O Pagode da Tia Doca a mais de 29 anos agita os Domingos e vem se destacando, ao longo desses anos, como um ponto de encontro de samba. Vale destacar, ainda, que a um ano o Pagode da Tia Doca também realiza apresentações todas as Sextas-Feiras no tradicionalíssimo Cordão do Bola Preta. Cerca de 1.200 pessoas lotam a casa nas noites de Sexta e 1.500 nas noites de Domingo para ouvirem clássicos do samba, onde artistas consagrados também já pediram a "benção" à eterna pastora, como Beth Carvalho, Reinaldo, Arlindo Cruz, Sombrinha, Elza Soares, Fernando Abreu, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e Wilson Moreira.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Oxum

Dança de Oxum, a orixá de Tia Ciata. Lindo!!

Tia Ciata



Minha carta de alforria/ Não meu deu fazendas/ /Nem dinheiro no banco/ Nem bigodes retorcidos ¨ . (Negro Forro, poema de Adão Ventura )


"No futuro, quando se fizer uma história do Brasil honesta e sincera, é que se poderá dar o valor devido à etnia negra na formação do povo brasileiro, principalmente na constituição de seu perfil cultural, afetivo, psicológico e sociológico. Obrigatoriamente, ter-se-á que reconhecer, sem dúvida, que o bom caráter do nosso povo, principalmente em relação às qualidades de generosidade e tolerância, foi abundantemente regado com o sangue e o suor do negro brasileiro, que arrancado de sua pátria, de modo selvagem e violento, e conhecendo em terras brasileiras toda a sorte de violência e humilhação , soube mercê de seu caráter elevado, perdoar a vilania do branco colonizador, dando , em paga da chibata e do tronco, o seio da mãe preta , para fornecer seiva de vida aos filhos dos senhores de engenho , e o braço forte do negro para trabalhar nas fazendas de café, açucar e algodão. Ainda está por ser feito o inventário da contribuição do negro na formação do povo brasileiro. Muitos nomes de negros valorosos haverão que ser lembrados, na constituição dos vários segmentos da cultura brasileira. Dentre estes ninguém poderá olvidar o nome de uma valorosa mulher negra da maior envergadura que muito contribuiu para as origens de uma das nossas mais ricas formas de manifestação cultural, que é a música brasileira. Estamos nos referindo a tia Ciata, de nome Hilária Batista de Almeida, figura de proa da comunidade negra que aparece em todos os relatos que dão conta do surgimento do samba carioca e dos ranchos, cuja lembrança permaneceu cultivada sempre com muito carinho pelo coração dos negros antigos da cidade do Rio de Janeiro. Tia Ciata, viu a luz do mundo em Salvador, no ano de 1854, e porque era dia de Santo Hilário, recebeu o nome em homenagem ao santo. Na sua cidade Natal bem cedo tomou contato com a cultura ancestral da sua raça e bem nova foi feita no santo. Com apenas 22 anos, em 1876, chegou ao Rio de Janeiro, indo morar na rua General Câmara, e mais tarde mudando-se para as vizinhanças de um grande representante da colônia baiana no Rio, Miguel Pequeno, marido de D. Amélia do Kitundi, na rua da Alfândega, n. 304. Sobre seu verdadeiro nome instalou-se controvérsia , constando no atestado de óbito Hilária Pereira de Almeida, e numa petição de pedido de ingresso no clube Municipal, declinando-se o nome como sendo Hilária Pereira Ernesto da Silva. Mas, não resta dúvida que oficialmente , inclusive fato testemunhado pelos seus descendentes e que figura nos livros que fazem referência à sua pessoa, está consignado que se chamava Hilária Batista de Almeida. Fincando vida no rio de Janeiro, ainda nova começou a namorar com Norberto da Rocha Guimarães, também, baiano, de cuja relação nasceria sua primeira filha Isabel, numa fase de vida de que começava a oferecer as primeiras experiências de vida adulta a esta mulher corajosa que mais tarde se celebrizaria na colônia baiana do Rio de Janeiro, mercê de seu espírito forte a que se aliavam uma grande sabedoria religiosa e grandes conhecimentos de culinária. Por exímia conhecedora da excelente culinária baiana, onde foi formada e sendo doceira de excelente qualidade, começou a trabalhar na rua da Carioca, envergando sempre suas roupas de baiana preceituosa , que nunca mais abandonaria depois de certa idade. Apesar do nascimento da filha Isabel, Norberto nunca viveria junto desta e da mãe, ficando ao largo dos grandes momentos de Ciata no Rio de Janeiro, que teria papel central na formação da pequena África no Rio de Janeiro, para onde afluiam os negros em busca de orientação, de proteção, de ajuda financeira. Mais tarde Hilária foi viver com João Batista da Silva, também baiano, que detinha boa condição de vida, estabelecendo com ele uma relação duradoura, que foi muito importante para sua afirmação no meio negro. João Batista havia chegado a freqüentar curso de Medicina na Bahia, interrompido por razões que se não conhecem, mas presumivelmente por dificuldade de enfrentar o enorme preconceito de que era alvo por ser negro. Abandonando a Faculdade, João Batista conseguiu vencer as dificuldades com tranqüilidade, ao conseguir, mercê de seu preparo intelectual, se manter em empregos estáveis, como linotipista no Jornal do Comércio e mais tarde conseguindo um dos desejados cargos de funcionário público na Alfândega. Um descendente seu , o sambista Buci Moreira , conta que foi graças ao trabalho de curadora de Ciata, que João Batista conseguiu um posto privilegiado de baixo escalão no gabinete do Chefe de Polícia, oferecido pelo Presidente Wenceslau Brás, em preito de gratidão e reconhecimento pela recuperação de sua saúde que andava abalada e muito o fazia sofrer em razão de um equizema, que até então nenhum médico conseguira dar jeito, e do qual foi por Ciata , com ajuda de seu orixá, completamente curado. Com João Batista teve uma prole numerosa de 15 filhos, entre os quais Glicéria, casada com Guilherme, também baiano que fez parte da Guarda Nacional( pais de Buci Moreira). Mulher de grande vitalidade e energia, Ciata fez de sua vida um trabalho constante, tornando-se com outras tias de sua geração a iniciadora da tradição carioca das baianas quituteiras, atividade que está baseada em forte fundamento religioso, e que foi recebida de bom grado pelos cariocas. A presença de Ciata era tão importante que sua figura foi registrada por Debret no seu famoso livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil. Após o cumprimento das tarefas religiosas, sendo os doces colocados no altar de acordo com o Orixá homenageado no dia, Ciata ia para seus pontos de venda, com saia rodada, pano da costa e turbante, ornamentada com seus fios de contas e pulseiras. Levava sempre tabuleiro farto de bolos e manjares, cocadas e puxas, os nexos místicos determinando as cores e a qualidade; por exemplo, na sexta feira, dia de Oxalá, era também dia de cocadas e manjares brancos. Ciata havia sido iniciada no santo por Bambochê, sendo legítimo imaginar que era ligada com o tronco mais tradicional do candomblé nagô baiano. No Rio de Janeiro Ciata desenvolvia suas atividades religiosas na casa de João Alabá, sendo a primeira, Iya Kekerê, Mãe Pequena, que atendia pelas obrigações das feitas no santo, pelas oferendas propiciatórias atribuídas a cada um à medida que avançasse no culto. Como Ebami, mais de sete anos de feita, era a Achogum da casa, a mão-de –faca, ligada ao sacrifício dos animais. A Mãe –Pequena, auxiliar direta do pai ou mãe–de-santo que lidera o candomblé no contato com as noviças a que prescreve os banhos rituais e dirige as iaôs, já iniciadas , nas danças dos orixás. A Iya Kekerê tanto usa o adjá, um instrumento próximo da sineta, que marca situações cerimoniais, como propicia ou mantém o transe dos cavalos possuídos por Orixas. É sua força e ascendência no santo que seria o centro da presença de Hilária junto à comunidade, um peso de lider que se fortalece tanto na organização das jornadas de trabalho, como na preparação dos ranchos, embora ela nunca saísse neles. Ciata de Oxum, Orixá que expressa a própria essência da mulher, patrona da sensualidade e da gravidez, protetora das crianças que ainda não falam, deusa das águas doces, da beleza e da riqueza. Ciata era festeira, dançarina, pagodeira, partideira , cantava com autoridade respondendo o refrão. Ciata sempre cuidando das panelas nas festas para que o samba nunca morresse. Hilária perde o marido em 1910, mas percebendo a sua importância para o grupo do qual era verdadeira lider, não se abateu continuando seu trabalho de agregação e ajuda aos negros . É na sua casa , nas grandes festas que o povo mais humilde, principalmente os negros , da Bahia e do Rio de Janeiro, vive seus momentos de alegria, de convivência fraterna e solidária, onde se retemperam as forças para o enfrentamento da dura realidade do dia a dia, na luta contra a pobreza, a adversidade, o preconceito. É aqui, nesse amalgama de gente simples e do provo, que vai se formar o caldo cultural que permite o nascimento de uma das nossas maiores riquezas : a música popular brasileira. É na casa de tia Ciata, alimentados pela boa comida e o alto astral proporcionado pelo generoso coração desta grande negra, que Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Heitor dos Prazeres, se reúnem para traçar a pauta do nosso rico futuro musical . No carnaval Tia Ciata também presente com a família, saindo no Rosa de Ouro e no seu sujo O Macaco é Outro. A casa de Tia Hilária se tornaria um dos principais do itinerário dos cortejos, com todos os ranchos passando em frente de sua janela para lhe prestar homenagem."

Artigo retirado do excelente site Brasil Cultura, sobre uma das maiores personalidades do samba carioca. Vale a pena conferir

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O samba e os Cultos Afro-brasileiros


Nós que estudamos o samba, sempre nos deparamos com referências tanto nas letras quando no ritmo de elementos que provêm dessa relação entre o samba e os cultos afro-brasileiros, como o Candomblé e a Umbanda. Fazendo uma análise um pouco mais aprofundada, vamos observar que historicamente essa relação foi solidificada na década de 20 quando se estabeleceram no Estado do Rio de Janeiro, principalmente na região do centro da cidade, na Gamboa, terreiros de candomblé.Esses terreiros tinham alvará do Estado para funcionar e se estabeleceram nessa região que recebeu uma grande quantidade de escravos vindo do sul da Bahia e com eles as famosas mães de santo, dentre as quais destacamos a Tia Ciata, que em barracão, recebeu grandes nomes do samba daquela época.
O samba estava ligado à malandragem, à vadiagem, e existem relatos de que houveram prisões dos que eram chamados de malandros, por simplesmente portarem violões.Podiam ler na época matérias em jornais que diziam :"Preso por portar um violão", considerado crime de vadiagem.Conta-se de que quando um sambista era parado na rua pela polícia, primeiro se examinavam as mãos para verificar se não haviam calos das cordas do violão nos dedos. Como os centros de candomblé tinham alvará para funcionar e a prática da batucada era liberada dentro deles, os músicos, sambistas, malandros e simpatizantes iam para dentro dos terreiros cantar e tocar. Hoje, com o samba legitimado, podemos observar a intrínsceca relação entre esses elementos culturais do povo brasileiro. Muitas histórias ainda podem ser contadas...

Acima obra do pintor Caribé - Roda de Samba