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domingo, 29 de março de 2009

Um tema interessante, Diáspora Africana




Abaixo um trecho retirado do site Brasil de Fato, sobre a diáspora africana, uma tema bastante interessante para que como nós adora cultura. Falar da influência dos africanos na cultura brasileira, é como falar do próprio Brasil, com sua diversidade, suamiscigenação, suas comidas, seus ritmos. Estou fazendo uma pesquisa sobre o tema e vou tentar colocar por aqui as minhas observações.


"Os netos dos africanos escravizados que para cá foram trazidos nos navios negreiros, ou tumbeiros,compõem hoje uma parcela considerável dos povos americanos. Em alguns países, como o Haiti e a Jamaica, são a esmagadora maioria da população. Em outros formam uma expressiva minoria, como os EUA, onde são perto de 40 milhões. No Brasil, predominantemente mestiço - de uma mestiçagem talvez sem paralelo -, é provável que sejam maioria. Como o são certamente em Salvador, a maior cidade negra fora da África. Em um leitura mais ampla, é possível dizer que toda a espécie humana compõe uma grande diáspora africana. As últimas descobertas da ciência atestam que o homo sapiens nasceu de um tronco único, no Continente Negro, provavelmente no vale do Rift, no Quênia atual. A diáspora que ocupa a Conferência de Salvador, porém, tem um sentido mais preciso: é aquela provocada pelo tráfego negreiro, nos três séculos e meio desde 1502, quando os primeiros africanos escravizados chegaram na Ilha de São Domingos (Antilhas), até outubro de 1855, data do último desembarque conhecido de um tumbeiro, em Serinhaém, Pernambuco. ARQUIPÉLAGO CULTURALNesse período, calcula-se que 12 milhões de africanos escravizados aportaram no Novo Mundo. E a população da África permaneceu estagnada, em cerca de 100 milhões de habitantes, pois, para cada pessoa aqui chegada como cativo, várias morriam no transporte, ou principalmente nas guerras fomentadas pelos tumbeiros. A diáspora teve portanto uma enorme importância para a África, assim como para as três Américas. E a ela se somaram, a partir da segunda metade do século passado, os seus ramos mais novos na Europa Ocidental (França, Reino Unido, Portugal). A despeito dos horrores que o marcaram, esse processo criou também um arquipélago cultural africano de notável vigor. Os que se interessam por estatísticas lembrarão que a África é o mais pobre dos continentes, e o que menos se desenvolve, castigado por guerras e pela pandemia da AIDs. E que em todos os países das Américas os negros e mestiços têm menor renda, maior taxa de desemprego, menos acesso à saúde e educação. Esses fatos reais convivem, porém, com outros que igualmente merecem atenção. Por exemplo: pouco depois que se criou a indústria de massa da música (com o fonógrafo, o disco e o CD, o cinema falado, a TV e a internet), e esta globalizou-se, a diáspora africana a hegemonizou. O jazz e seu primo mais jovem, o rock, o samba, o frevo, o axé, o reggae, o mambo, a salsa, o merengue, a cúmbia, e até a recentemente descoberta música de Cabo Verde de Cesária Évora constituem uma superpotência musical. Que outra matriz cultural detém tantos discos de ouro e platina no planeta? E quem negará o seu parentesco, que tem tudo a ver com a diáspora negra? Tudo isso acontece e prospera sem que se reflita muito a respeito. A Ciad não é portanto uma dessas siglas engenhosas que a diplomacia cria às vezes, mas uma necessidade palpável, a reclamar atenção, debate, consideração. Já era hora do mundo da intelectualidade e das instituições oficiais se debruçar um pouco mais sobre uma realidade tão rica e palpitante. A julgar pela lista de participantes, há uma percepção diferenciada dessa necessidade. O presidente Lula, como anfitrião, marcou presença, assim como vários chefes de Estado e de governo, e ministros, principalmente da Cultura, como o brasileiro Gilberto Gil e o cubano Abel Prieto. Já o governo dos EUA não se fez representar. A segunda maior diáspora negra das Américas esteve presente na Conferência mas por meio de expoentes da sociedade civil, como o cantor e ativista do movimento negro Steve Wonder. Bernardo Joffily é jornalista, autor do Atlas Histórico Isto É Brasil 500 anos e editor do portal Vermelho (www.vermelho.org.br) Os netos dos africanos escravizados que para cá foram trazidos nos navios negreiros, ou tumbeiros,compõem hoje uma parcela considerável dos povos americanos. Em alguns países, como o Haiti e a Jamaica, são a esmagadora maioria da população. Em outros formam uma expressiva minoria, como os EUA, onde são perto de 40 milhões. No Brasil, predominantemente mestiço - de uma mestiçagem talvez sem paralelo -, é provável que sejam maioria. Como o são certamente em Salvador, a maior cidade negra fora da África. Em um leitura mais ampla, é possível dizer que toda a espécie humana compõe uma grande diáspora africana. As últimas descobertas da ciência atestam que o homo sapiens nasceu de um tronco único, no Continente Negro, provavelmente no vale do Rift, no Quênia atual. A diáspora que ocupa a Conferência de Salvador, porém, tem um sentido mais preciso: é aquela provocada pelo tráfego negreiro, nos três séculos e meio desde 1502, quando os primeiros africanos escravizados chegaram na Ilha de São Domingos (Antilhas), até outubro de 1855, data do último desembarque conhecido de um tumbeiro, em Serinhaém, Pernambuco. ARQUIPÉLAGO CULTURALNesse período, calcula-se que 12 milhões de africanos escravizados aportaram no Novo Mundo. E a população da África permaneceu estagnada, em cerca de 100 milhões de habitantes, pois, para cada pessoa aqui chegada como cativo, várias morriam no transporte, ou principalmente nas guerras fomentadas pelos tumbeiros. A diáspora teve portanto uma enorme importância para a África, assim como para as três Américas. E a ela se somaram, a partir da segunda metade do século passado, os seus ramos mais novos na Europa Ocidental (França, Reino Unido, Portugal). A despeito dos horrores que o marcaram, esse processo criou também um arquipélago cultural africano de notável vigor. Os que se interessam por estatísticas lembrarão que a África é o mais pobre dos continentes, e o que menos se desenvolve, castigado por guerras e pela pandemia da AIDs. E que em todos os países das Américas os negros e mestiços têm menor renda, maior taxa de desemprego, menos acesso à saúde e educação. Esses fatos reais convivem, porém, com outros que igualmente merecem atenção. Por exemplo: pouco depois que se criou a indústria de massa da música (com o fonógrafo, o disco e o CD, o cinema falado, a TV e a internet), e esta globalizou-se, a diáspora africana a hegemonizou. O jazz e seu primo mais jovem, o rock, o samba, o frevo, o axé, o reggae, o mambo, a salsa, o merengue, a cúmbia, e até a recentemente descoberta música de Cabo Verde de Cesária Évora constituem uma superpotência musical. Que outra matriz cultural detém tantos discos de ouro e platina no planeta? E quem negará o seu parentesco, que tem tudo a ver com a diáspora negra? Tudo isso acontece e prospera sem que se reflita muito a respeito. A Ciad não é portanto uma dessas siglas engenhosas que a diplomacia cria às vezes, mas uma necessidade palpável, a reclamar atenção, debate, consideração. Já era hora do mundo da intelectualidade e das instituições oficiais se debruçar um pouco mais sobre uma realidade tão rica e palpitante. A julgar pela lista de participantes, há uma percepção diferenciada dessa necessidade. O presidente Lula, como anfitrião, marcou presença, assim como vários chefes de Estado e de governo, e ministros, principalmente da Cultura, como o brasileiro Gilberto Gil e o cubano Abel Prieto. Já o governo dos EUA não se fez representar. A segunda maior diáspora negra das Américas esteve presente na Conferência mas por meio de expoentes da sociedade civil, como o cantor e ativista do movimento negro Steve Wonder.
Bernardo Joffily é jornalista, autor do Atlas Histórico Isto É Brasil 500 anos e editor do portal Vermelho (www.vermelho.org.br)"