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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

“Quero ser feliz. Para isso preciso de modelos.”

Este é o início de um brilhante texto do Arnaldo Jabor publicado no seu livro de crônicas “Amor é prosa e sexo é poesia”. O que antes era um artigo do jornalista, depois virou música da Rita Lee para, finalmente nascer o livro, que, aliás, merece ser lido e relido. Jabor aponta de forma incrível a mediocridade das relações, que hoje são regidas mais pelo que vêm de fora que pelo interior.
Tenho assistido alguns capítulos desse atual BBB, que não entendo como já chega á marca de oitavo. Na verdade, a identificação e o fascínio pela cultura da superficialidade são vistos e acompanhados durante muito tempo em nossa sociedade. Porém, poder detectar quais são os meios utilizados para este fascínio, como é o caso dos programas reality show, tal qual o Big Brother, começa a se tornar interessante.
O espetáculo é facilmente encontrado em vários programas da televisão brasileira, contudo, essa mesma presença espetacular na sociedade acaba, em meio a correria do dia a dia, acostumando os olhares passivos de milhares de telespectadores a não percebê-los. E assim nascem os heróis, os semideuses que têm seu caminho favorecido pelo “empurrãozinho” da fama pela fama.
Hoje nossos heróis não são como os de antigamente, nem precisam de grandes esforços, não mais salvam mocinhas em perigo - se é que ainda existe alguma - não escalam montanhas nem nada, aliás, melhor mesmo é não saber de nada...
É Como relata Jabor: “ (...)Hoje, não. Nossos heróis masculinos não trabalham. A mídia nos ensina que os heróis da felicidade não têm ideal algum a conquistar, a não ser eles mesmos. A felicidade virou uma autoconstrução de sucesso, de bom desempenho. O solitário feliz suga o prazer em cada flor, sem conflitos, sem dor, sem afetos profundos, mas sempre com um sorriso simpático e congelado. O herói feliz passa a idéia de que não precisa de ninguém, de que todos são o objeto de seu desejo, de que todos podem ser prisioneiros de seu charme; mas ele, de ninguém....(...)A mulher da mídia deseja ser um objeto de consumo como um eletrodoméstico, quer ser um avião, uma “máquina” peituda, bunduda, sexy ( mesmo se fingindo), também o homem da mídia deseja ser “ coisa”, só que mais ativa, como uma metralhadora, uma Ferrari, um torpedo inteligente e, mais que tudo, um grande pênis voador, um “ passaralho” superpotente, mas irresponsável e frívolo, que pousa e voa de novo, sem flacidez e sem angústias. O macho brasileiro tem pavor de ser possuído por uma mulher. Não há entrega; basta-lhe o encaixe. O herói macho se encaixa em heroína fêmea B e produzem uma engrenagem C, repleta de luxo e arrepios, entre lanchas e caipirinhas, entre Jet-skis e BMWs, num esfuziante casamento que dura três capas de caras....
Infelizmente “alienação + superficialidade” são os principais ingredientes desta receita, que, somada a uma bela edição resultam no produto perfeito para a nossa sociedade. Essa que nos dá todas as respostas para que sejamos seres humanos que pregam a sua vida em um mundo de consumo, mercadoria, do capital, da aparência e do fascínio. Que espetáculo!
Diariamente assistimos a tantas outras cenas que eu gostaria que não se prolongassem os capítulos. Cenas de uma vida real onde o jogo Mas é assim, enquanto as pessoas se preocupam com as desejáveis “bundas alheias” todo o resto segue sem resposta. Enquanto vamos dando apenas nossas “espiadinhas” têm muita gente de olhos bem abertos.
Michele

Um comentário:

Kátia Barros disse...

Mi, vc não pode para nunca mais de escrever............ um beijo e Parabens pelo lindo texto!