Durante anos escutamos as profecias de cá e de lá de que o mundo um dia acabaria. Essa realidade parecia tão distante, contudo, ao assistir ao documentário narrado e produzido por Leonardo de Caprio, pude perceber que o fim está bem mais próximo do que se imagina. Mais de 50 renomados entrevistados revelam a crise que existe hoje em nosso ecossitema mostrando as catastróficas conseqüências à humanidade. Cenas reais que chocam e nos convidam a uma maior reflexão a respeito do que somos e do que viemos fazer neste mundo.
É sabido, que vivemos um distúrbio global; as maiores temperaturas têm sido registradas, as camadas de gelo derretendo, efeito estufa, desmatamento, poluição, chuva ácida, tudo acontecendo ao mesmo tempo e em toda parte do mundo. A mídia nos mostra diariamente os devastadores efeitos causados em lugares longínquos do planeta: enchentes, furacões, desmatamentos, terremotos. Até no Brasil já experimentamos tremores de terras!
Pesquisadores revelariam que 30% do solo estaria degradado, 70 países no mundo já não possuem mais florestas, grande parte dos peixes que são pescados ou estão contaminados por resíduos químicos, ou são desperdiçados sem que alimente quem tem fome. Rios estão secando; o clima está sofrendo grandes alterações e o homem continua dando as costas á tudo isso!
Desde a revolução industrial que o homem só pensa em progresso, tecnologia, economia, crescer e crescer. Além da redução do uso de combustíveis fósseis e da busca por um futuro sustentável, nos mais diversos âmbitos, há de se reciclar os indivíduos. Não se trata de abandonar a idéia de tecnologia, mas sim, buscar uma forma de torná-la sustentável. O cerne da questão está na mentalidade humana.
A idéia do consumismo entranha nos poros da humanidade. As mercadorias viraram símbolos culturais. Crianças americanas são mais capazes de reconhecerem logotipos de empresas que espécies da natureza. O país que é o maior símbolo do consumismo possui tecnologia suficiente para dominar o mundo, mas no futuro poderá ser dominado pelo mesmo. A ganância e a exploração do Petróleo não só produz guerra na sua forma mais cruel, como mata diariamente milhares de crianças com câncer e aumenta o número de organismos infectados por doenças respiratórias em todo planeta.
De certo que, se os EUA conseguem movimentar exércitos pelo mundo com a intenção de produzir mais e mais riqueza, ele conseguiria reverter esta política de exploração ambiental, se assim o quisesse. Contudo, este é um problema que se insere na política e na economia mundial. Economia é a palavra que conduz o mundo, é um processo que pouco permite evasão e em pouco tempo o homem conquistará apenas uma grande fábrica de lixo!
O desenvolvimento sustentável seria a única saída possível e urgente. Mas o que se fala sobre isso? As pessoas querem saber disso? Existem alguns poucos conscientes que podem dar uma guinada no processo de transformação cultural e ambiental. Temos que divulgar mais projetos onde a sustentabilidade se faça presente seja na arquitetura, seja como forma de energia eólica, energia solar, ‘biodiesel’e até mesmo dando voz aos projetos sociais e ambientais. Plante uma árvore! Economize água! Seja lá como for! Por que existem poucos que têm a consciência do reciclar. É uma questão cultural.
É necessária uma mudança no nível de consciência de todos. Cada indivíduo pode fazer a sua parte, é só uma questão de se sensibilizar com as belezas do mundo. De se sentir merecedor do lugar onde se vive, de amar e respeitar a natureza, o planeta em que vivemos, as gerações futuras. Recebemos tanto de graça e não sabemos fazer o mesmo nem pelo próximo.
A idéia de que somos parte da natureza não existe mais, uma vez que o homem já a tornou mercadoria. A contramão desta história estaria no homem simplesmente viver no mundo em harmonia com a natureza e não possuí-la como a um brinquedo inesgotável. Até quando o ser humano irá competir com a natureza? Até que ponto nós somos responsáveis pela biosfera? Estas perguntas levantadas pelo produtor do documentário esperam repostas, minha, sua e de toda a humanidade.
Michele Rangel