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sexta-feira, 15 de junho de 2007


Não sabe brincar, sai da brincadeira!

O Centro Cultural do Banco do Brasil está com uma exposição denominada “Auto-retrato falado, o outro a partir de si próprio”. O visitante entra em cabines e pode fazer seu auto-retrato através de um programa que é utilizado pela polícia para construção do auto-retrato. Uma experiência lúdica que nos remete a reflexões mais profundas sobre a construção de nossa identidade nos dias de hoje. Será que sabemos quem somos?
É no mínimo intrigante a maneira como nos apresentamos aos demais. Existe sempre um constrangimento quando se vai conhecer alguém, por que brigamos com o que somos e com o que precisamos passar. Construímos imagens externas a nossa vontade, sempre interiorizando aqui e ali o que achamos que devíamos ser, devido a isso, esse quebra-cabeça sempre chega ao fim faltando uma peça, uma vez que, a nossa imagem transita entre o real e o ilusório.
Bom, pelo que percebo as pessoas começam mais ou menos assim: Início da brincadeira de ser “aceito”
- Meu nome é fulana de tal, tenho X anos, sou H, com especialização em Z fiz pós-graduação na Y, cursos no exterior e falo tantos idiomas - e aí vem uma falsa sensação de alívio - podendo ser qualquer a profissão, contudo mencionar as especializações é imprescindível e faz parte do regulamento. Como hoje o natural é competir sem muita ética, o jogo vai seguindo.....
Contudo num determinado momento as peças não começam a se encaixar, e ela sabe disso, mas continua a jogar, entretanto agora tentando se convencer - como se estivesse se auto-apresentando. Reafirmando estar no caminho certo a encenação continua...
- Na foto três por quatro ao lado, arrumei bem meus cabelos, esbocei um sorriso com um leve ar de seriedade e ergui ao máximo meu queixo para mostrar que estou de bem com a vida. Conteúdo e registro fotográfico encaixam-se perfeitamente no quesito da mulher bem sucedida! ( Alívio mesclado de confusão!)
E a ânsia pela vitória faz com que ela nem perceba que dela ali não existe mais quase nada. Imagino como esse jogo chegou ao fim. Me questiono se no fundo tal pessoa não preferia se apresentar de outra forma, ou pelo menos que nas entrelinhas essa fosse a realmente notada :
- Me chamo fulana de tal, nome que homenageia minha avó - para mim, motivo de orgulho; sou uma boa amiga, gosto de estar com pessoas, tenho lá minhas carências, as quais compenso de diversas formas, gosto de receber elogios, tenho objetivos, porém, algumas dúvidas e anseios. A foto ao lado diz muito pouco do ser humano retratado, afinal, entre a reprodução e realidade, há uma simulação apenas, um limite frágil e complexo demais.
Essa forma interior de resposta é bem mais difícil à medida que ela nos remete a quem realmente somos e não ao que desejamos mostrar. Por isso, que o jogo sempre fica incompleto e se perde ainda mais quando procuramos que os outros preencham as lacunas que nós deveríamos, porém não conseguimos mais.
Numa sociedade de aparências só falamos o que é superficial e passível de provas documentais, todavia a construção de nossa auto-imagem pode estar sobre areia movediça.
Alguns conseguem enxergar, mas porque não a maioria? A uniformização predatória dos valores e das formas existentes de ver o mundo baseadas em um materialismo exagerado não nos permite um olhar interior.
A sensibilidade é a maior carência do mundo de hoje e a peça que está faltando para completar esse quebra – cabeça. Assustam-me aqueles que se contentam apenas com aquilo que está fora e ainda persistem nesse jogo. Mas para quem sabe brincar, vale uma visita a exposição para encarar este jogo, talvez você possa conhecer facetas ainda desconhecidas da sua pessoa e possa refletir sobre a forma como passará isso ao mundo!
Centro Cultural do Banco do Brasil
Rua Primeiro de março, 66
Centro – Rio de Janeiro - RJ
Exposição de 29 de maio a 08 de julho de 2007.Terça a domingo, das 10h às 21h.

Michele Rangel





2 comentários:

Kátia Barros disse...

Tenho muito orgulho de ter sua amizade!!!!!!!!! Vc tá demais muié pequena!!! Beijocas

Renata Iannarelli disse...

Ói eu aqui, peruaaa! Já vi a exposição e realmente vale a pena.
Parabéns pelo blog!
Bjs...
Renata - sua graaande amiga