Nós que estudamos o samba, sempre nos deparamos com referências tanto nas letras quando no ritmo de elementos que provêm dessa relação entre o samba e os cultos afro-brasileiros, como o Candomblé e a Umbanda. Fazendo uma análise um pouco mais aprofundada, vamos observar que historicamente essa relação foi solidificada na década de 20 quando se estabeleceram no Estado do Rio de Janeiro, principalmente na região do centro da cidade, na Gamboa, terreiros de candomblé.Esses terreiros tinham alvará do Estado para funcionar e se estabeleceram nessa região que recebeu uma grande quantidade de escravos vindo do sul da Bahia e com eles as famosas mães de santo, dentre as quais destacamos a Tia Ciata, que em barracão, recebeu grandes nomes do samba daquela época.
O samba estava ligado à malandragem, à vadiagem, e existem relatos de que houveram prisões dos que eram chamados de malandros, por simplesmente portarem violões.Podiam ler na época matérias em jornais que diziam :"Preso por portar um violão", considerado crime de vadiagem.Conta-se de que quando um sambista era parado na rua pela polícia, primeiro se examinavam as mãos para verificar se não haviam calos das cordas do violão nos dedos. Como os centros de candomblé tinham alvará para funcionar e a prática da batucada era liberada dentro deles, os músicos, sambistas, malandros e simpatizantes iam para dentro dos terreiros cantar e tocar. Hoje, com o samba legitimado, podemos observar a intrínsceca relação entre esses elementos culturais do povo brasileiro. Muitas histórias ainda podem ser contadas...
Acima obra do pintor Caribé - Roda de Samba
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